Planalto busca ampliar margem de votos pró-impeachment no Senado
Segundo relatos de integrantes do Planalto, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, se tornou o principal articulador político do esforço para vitaminar o número de votos favoráveis ao impeachment no Senado. Desafeto de Dilma, Geddel tem atualizado Temer diariamente sobre a contagem de votos.
Pessoas próximas ao ministro dizem que, além das negociações políticas, ele tem enfatizado aos senadores que Dilma não é vítima de um golpe, como ela tem repetido desde que a Câmara deu sinal verde para a abertura do processo de impeachment.
Nas conversas com senadores, Geddel ressalta que o processo de afastamento seguiu o rito definido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pela Constituição.
Outro argumento utilizado pelo titular da Secretaria de Governo é tentar mostrar que Temer tem dado sinais de que saberá conduzir as políticas necessárias para o país retomar o crescimento econômico.
Mesmo com a ida de Dilma ao Senado na próxima semana para apresentar sua defesa, a avaliação dos principais conselheiros políticos do presidente em exercício é de que o impeachment “está consumado” e, politicamente, “definido”. A defesa da petista confirmou que ela irá pessoalmente ao Congresso Nacional para se defender e para responder a eventuais questionamentos dos parlamentares.
Na semana passada, com o objetivo de tentar atrair os votos de senadores indecisos, a presidente afastada divulgou uma carta, intitulada Mensagem ao Senado e ao Povo Brasileiro, na qual disse acolher críticas ao governo e se comprometeu a apoiar, caso retome ao Palácio do Planalto, a realização de um plebiscito para consultar a população sobre a antecipação das eleições presidenciais.
Alvos do Planalto
Conforme o G1 apurou, entre os alvos do Planalto para aumentar o placar pró-impeachment, estão os senadores Roberto Muniz (PP-BA), Otto Alencar (PSD-BA) e Elmano Férrer (PTB-PI). Na votação, eles se posicionaram contra Dilma ser levada a julgamento final.
Conforme o G1 apurou, entre os alvos do Planalto para aumentar o placar pró-impeachment, estão os senadores Roberto Muniz (PP-BA), Otto Alencar (PSD-BA) e Elmano Férrer (PTB-PI). Na votação, eles se posicionaram contra Dilma ser levada a julgamento final.
O objetivo dos aliados de Temer é fazer com que esses parlamentares votem a favor do afastamento na etapa definitiva do processo de impeachment.
Oficialmente, Roberto Muniz não faz comentários sobre o processo, mas, nas últimas semanas, senadores mais próximos de Temer passaram a repetir que o parlamentar do PP tem demonstrado “sintonia” com o Palácio do Planalto.
No dia 11 de agosto – um dia após votar contra o julgamento –, Muniz revelou, em uma reunião da Comissão de Agricultura do Senado, incômodo com a decisão de Temer de retirar o status de ministério da pasta de Desenvolvimento Agrário.
Prontamente, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha – que também participava da audiência na comissão –, disse que a pasta voltaria a ter status de ministério caso Dilma fosse afastada definitamente do comando do país. A inesperada manifestação de Padilha, ministro mais próximo de Temer, gerou elogios por parte de Roberto Muniz.
“Esta é uma notícia que nos deixa muito felizes. É um ganho muito grande para o país. Um novo olhar sobre a importância da agricultura familiar. É um alento”, declarou o senador na ocasião.
Otto Alencar, por sua vez, protagonizou recentemente uma cena rara em cerimônias no Palácio do Planalto. No dia em que o Senado começou a discutir no plenário se transformava Dilma em ré, o parlamentar do PSD participou, na sede do Executivo federal, da solenidade que marcou o lançamento de projetos de revitalização da bacia do Rio São Francisco.
Na ocasião, ele foi convidado a discursar à plateia, que incluia o próprio Temer. A cena chamou a atenção, já que é incomum parlamentares fazerem pronunciamentos em eventos do governo federal.
Oficialmente, auxiliares do presidente em exercício disseram que Otto foi convidado a discursar porque é um dos principais defensores da revitalização do São Francisco. A iniciativa, entretanto, foi avaliada como uma tentativa de “agradar” senadores nordestinos.
Aliado do PT no Piauí, Elmano Férrer disse ao G1 que vai votar no julgamento final de Dilma de acordo com a “vontade” de seu eleitorado. Nas últimas votações, ele se posicionou contra o afastamento da petista, mas tem dito aos seus aliados que o diálogo do Legislativo com o Executivo “melhorou” com a entrada de Michel Temer.
O PTB, partido de Férrer, tem orientado seus parlamentares a votarem a favor do impeachment.
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